sábado, junho 30, 2007

Fernando Pessoa - Carta de Amor 5


Domingo 15.8.1920
Vibora:

Recebi a tua carta má, e, na verdade, não percebo como foi que nos não encontrámos nem hontem nem antes de hontem. Differença de relogios? Não creio, porque não notei, quer num dia quer noutro, ao chegar á Baixa, que o meu relogio estivesse tão errado.
Escrevo-te só estas linhas para te dizer que estarei amanhã ao meio-dia em ponto no fim da Av. das Cortes. Vães ao escriptorio da R. da Victoria á 1. Isto deve dar-te tempo. O peor é se vães acompanhada. Em todo o caso esperar-te-hei até ás 12 1/4.
Oxalá estejas melhor; mas isso não é desgosto, é viboridade, ou seja maldade.
Sempre e muito teu
Fernando

Estou escrevendo do Café Arcada ao meio dia e 3 quartos. Porisso escrevo pouco (contra o meu costume) para ver se passo na tua rua não muito longe da uma hora.
Imagem: Fernando Pessoa no Martinho da Arcada com Raul Leal, António Botto e Augusto Ferreira Gomes.

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